7 de setembro de 2010

Rotina e Realizações

"O QUE O FUTURO RESERVA PARA VOCÊ?
COMO VOCÊ REGISTRA SUAS CONQUISTAS E ATINGE (OU REALIZA) SUAS ASPIRAÇÕES?" - Android de Johnnie Walker. Campanha publicitária ispirada no conto "O Homem Bicentenário" de Isaac Asimov

Achei que a imagem e a frase tem um pouco de ligação com o que escrevi.
Faz tempo que não escrevo/publico nada aqui.
Ai vai:






Tenho medo de estar perdendo o que mais tenho de importante: A Alegria.
Algo me causa angústia.
Já não tenho mais o mesmo senso de humor.
Já não tenho mais a mesma vontade.
Já não tenho mais a mesma disposição.
Estou sendo corrompido, automatizado, sem emoções.
Logo eu, que sempre fui mais humano que exato.
Mais sentimental, do que sensato.
Estou no sistema, agora o difícil é me desligar.
Tornei-me dependente da rotina, um tanto quanto apertada.
Horário para entrar, para sair, para a vida me comer.
“Logo eu.”
É o que todos pensam.
Dependente do órgão vital do ser humano, mesmo perdendo a minha humanidade.
Ou será que isso que é ser Humano?
Quanto mais se tem, mais se gasta. E quanto mais se gasta, mais se quer, para se gastar mais.
É um ciclo. E eu estou nele.
Não sei se é bom, se é ruim. Já sinto a ganância, já sinto o cansaço, já sinto a dependência.
Se as coisas tivessem acontecido em outra ordem, seria diferente.
Vivo dois Mundos em um.
Universos diferentes para uma única vida.
Seguindo dois caminhos de uma só vez.
Já me acostumei, e gosto dos dois caminhos.
Uma hora preciso escolher qual deles seguir de fato.
Talvez possa até surgir um terceiro.
E mais dúvidas surgirão.
A felicidade ainda resta, por quanto tempo não sei.
Não que eu esteja infeliz, mas não é a mesma felicidade.
Uma felicidade séria, madura, diferente, pensativa.
Amadurecer não é necessariamente positivo.
Estou inseguro, indeciso, e quase invertebrado.
Os mesmos movimentos sempre.
Os mesmos lugares, o mesmo trajeto todo dia, o mesmo vagão de trem, com as mesmas pessoas, no mesmo horário, as mesmas piadas, que já não fazem tanto sentido.
Devia me alegrar quando perco o trem e preciso esperar o próximo.
Ir com menos pessoas, com outras pessoas, mais tarde, porém mais cansado, com menos tempo para dormir, com menos tempo para sonhar.
Mas a vida não pode parar!

27 de julho de 2010

Eu sei, mas não devia


Depois de muito tempo volto a postar...não sei se tem alguém que lê ainda, mas se não tiver, não importa...me sinto bem só de escrever, ou postar textos que gosto.
E esse é mais um texto que gostei.Recebi hoje do meu amigo André, e adorei.

ai vai...
Eu sei, mas não devia
Marina Colasanti

Eu sei que a gente se acostuma. Mas não devia.

A gente se acostuma a morar em apartamentos de fundos e a não ter outra vista que não as janelas ao redor. E, porque não tem vista, logo se acostuma a não olhar para fora. E, porque não olha para fora, logo se acostuma a não abrir de todo as cortinas. E, porque não abre as cortinas, logo se acostuma a acender mais cedo a luz. E, à medida que se acostuma, esquece o sol, esquece o ar, esquece a amplidão.

A gente se acostuma a acordar de manhã sobressaltado porque está na hora. A tomar o café correndo porque está atrasado. A ler o jornal no ônibus porque não pode perder o tempo da viagem. A comer sanduíche porque não dá para almoçar. A sair do trabalho porque já é noite. A cochilar no ônibus porque está cansado. A deitar cedo e dormir pesado sem ter vivido o dia.

A gente se acostuma a abrir o jornal e a ler sobre a guerra. E, aceitando a guerra, aceita os mortos e que haja números para os mortos. E, aceitando os números, aceita não acreditar nas negociações de paz. E, não acreditando nas negociações de paz, aceita ler todo dia da guerra, dos números, da longa duração.

A gente se acostuma a esperar o dia inteiro e ouvir no telefone: hoje não posso ir. A sorrir para as pessoas sem receber um sorriso de volta. A ser ignorado quando precisava tanto ser visto.

A gente se acostuma a pagar por tudo o que deseja e o de que necessita. E a lutar para ganhar o dinheiro com que pagar. E a ganhar menos do que precisa. E a fazer fila para pagar. E a pagar mais do que as coisas valem. E a saber que cada vez pagar mais. E a procurar mais trabalho, para ganhar mais dinheiro, para ter com que pagar nas filas em que se cobra.

A gente se acostuma a andar na rua e ver cartazes. A abrir as revistas e ver anúncios. A ligar a televisão e assistir a comerciais. A ir ao cinema e engolir publicidade. A ser instigado, conduzido, desnorteado, lançado na infindável catarata dos produtos.

A gente se acostuma à poluição. Às salas fechadas de ar condicionado e cheiro de cigarro. À luz artificial de ligeiro tremor. Ao choque que os olhos levam na luz natural. Às bactérias da água potável. À contaminação da água do mar. À lenta morte dos rios. Se acostuma a não ouvir passarinho, a não ter galo de madrugada, a temer a hidrofobia dos cães, a não colher fruta no pé, a não ter sequer uma planta.

A gente se acostuma a coisas demais, para não sofrer. Em doses pequenas, tentando não perceber, vai afastando uma dor aqui, um ressentimento ali, uma revolta acolá. Se o cinema está cheio, a gente senta na primeira fila e torce um pouco o pescoço. Se a praia está contaminada, a gente molha só os pés e sua no resto do corpo. Se o trabalho está duro, a gente se consola pensando no fim de semana. E se no fim de semana não há muito o que fazer a gente vai dormir cedo e ainda fica satisfeito porque tem sempre sono atrasado.

A gente se acostuma para não se ralar na aspereza, para preservar a pele. Se acostuma para evitar feridas, sangramentos, para esquivar-se de faca e baioneta, para poupar o peito. A gente se acostuma para poupar a vida. Que aos poucos se gasta, e que, gasta de tanto acostumar, se perde de si mesma.
(1972)

Marina Colasanti
nasceu em Asmara, Etiópia, morou 11 anos na Itália e desde então vive no Brasil. Publicou vários livros de contos, crônicas, poemas e histórias infantis. Recebeu o Prêmio Jabuti com Eu sei mas não devia e também por Rota de Colisão. Dentre outros escreveu E por falar em Amor; Contos de Amor Rasgados; Aqui entre nós, Intimidade Pública, Eu Sozinha, Zooilógico, A Morada do Ser, A nova Mulher, Mulher daqui pra Frente e O leopardo é um animal delicado. Escreve, também, para revistas femininas e constantemente é convidada para cursos e palestras em todo o Brasil. É casada com o escritor e poeta Affonso Romano de Sant'Anna.

O texto acima foi extraído do livro "Eu sei, mas não devia", Editora Rocco - Rio de Janeiro, 1996, pág. 09.

21 de abril de 2010

Repelente para pensamentos



Texto antigo, mas que me deu vontade de colocar só agora...



"Me pego na frente do computador querendo escrever
sobre nem sei o que...
Ouço uma música, olho meus e-mails,
fuço na vida dos outros, falo uma ou outra mentira
e continuo querendo escrever.
Essa é minha rotina.
Quase sempre quero escrever, mas depois de uma boa conversa, um jogo,
algumas músicas ou uma dor de cabeça, que sempre insiste em dar o ar da graça,
desisto e vou pra cama.
Penso em algumas besteiras, faço planos para meu futuro tanto profissional,
quanto pessoal...
e as vezes pode ser um futuro próximo.
Mas uma coisa é certa: o futuro é sempre incerto.
Me faltam palavras, me falta inspiração, me sobra vontade...
Continuo sem saber o que escrever...
Quando vejo já escrevi...sobre nem sei o que.
tento colocar uma ou outra palavra diferente, torna-lo menos simples.
mas vejo que é bobagem!
muitas vezes o simples é real.
não precisa de camuflagem, você fala sem pensar,
sem se preocupar em agradar,Usa uma linguagem comum,
não sei pra quem, mas para alguem ela é comum!
uma coisa é certa...
alguem há de entender!
Agora o porque de escrever?
talvez seja o mesmo motivo da internet, do computador...
querer fugir da realidade, fugir da rotina,
mas quando você vê, isso ja faz parte da sua rotina.
talvez seja a falta do sono, por um pernilongo incoveniente
ou os pensamentos que não me saem da cabeça.
alguns bons, outros nem tanto.
Em alguma dessas conversas loucas da madrugada,
uma amiga me disse:
"É...Deveria existir repelente para pensamentos também"
Isso realmente seria bom.
Se você não entendeu nada do que escrevi até aqui...
não se preocupe, eu comecei a escrever sem saber o que escrever.
Talvez tudo isso não faça sentido nenhum mesmo!
Talvez sejam horas mal dormidas, ou horas de mais no computador.
Só sei que paro pra pensar nessas coisas de vez em quando...
e nada concluo!"

10 de abril de 2010

O Vestibular da Vida


Faz tempo que não coloco texto meu aqui, achei essa a hora mais oportuna, principalmente para esse texto.
Minha vida mudou muito rápido, e muda a cada dia, e pra melhor...estou fazendo faculdade federal, e estou muito feliz...
Minha vida está corrida, cansativa, mas muito boa e agradeço todos os dias por essa mudança repentina na minha vida
Fiz esse texto no ano passado, quando estava naquela fase de pressão do vestibular...Todos já passamos, se não passamos vamos passar.Aliás, passamos todos os dias pelo "Vestibular da Vida".


"A vida é um 'vestibular', e dos mais difíceis.
A Vida pode ser comparada com uma questão de matemática talvez, por ser tão difícil quanto. Mas o fato é que nem sempre é tão racional, nem sempre se pode usar uma fórmula e achar o resultado. Aliás, quase nunca acontece isso. Quase nunca a fórmula que serviu para meu vizinho, achará a resposta para “minha equação”.
Pode-se comparar com uma questão de história também, onde estudamos táticas, passado, analisamos certas situações que já ocorreram há dias, meses, anos, décadas ou séculos atrás, para tirar uma conclusão e te ajudar, ou atrapalhar, a decidir o futuro.
A vida é também uma questão de Biologia, ou de Língua portuguesa, Gramática...Procure no dicionário, por exemplo, a palavra “biologia” e virá definido como “estudo da vida” ou algo parecido, só que com algumas palavras mais sofisticadas.
Se pensarmos bem a vida também é uma questão de Literatura, podemos encontrar poesia em coisas simples, deixarmos a vida fluir, os sentimentos aparecerem, e até escrevermos sobre ela.
Como disse, muitos tentam escrever sobre a vida, coisa não tão fácil assim e que quase ninguém consegue fazer tão precisamente, nem mesmo eu.
Mas isso que é uma das coisas mais interessantes, a maioria não saber nada sobre a vida, não ter certeza de como surgiu, sobre o que vai acontecer, sobre o que está fazendo aqui, e tenta lhe dar conselhos sobre a vida, sem ao menos saber o que é a vida.
A vida é também uma obra de arte, e pode então se relacionar com a matéria de Educação Artística. Dizem que “A arte imita a vida”, mas a vida é a própria arte. Arte em todos os sentidos...Uma paisagem bonita, que mais parece um quadro pendurado em uma parede branca, fria e vazia; ou até mesmo uma arte Cênica, pois representamos o dia todo.Na escola somos um personagem, no serviço outro, em casa com sua família, um terceiro personagem totalmente diferente, e assim sucessivamente; uma arte abstrata eu diria!
Onde eu quero chegar com isso?Não sei... Só sei que às vezes você é obrigado a fazer a escolha certa, a escolha que pode mudar sua vida. Muitas vezes você é imaturo para tomar certas decisões. Muitas vezes é preciso arriscar, chutar, e torcer para que seja a alternativa certa.
O fato é que a vida é uma incógnita, onde apenas passar o X da questão dividindo, multiplicando, tirando raiz quadrada, pode não te trazer o resultado esperado.
Nós mesmos é que somos o X da questão, somos a incógnita, somos a chave, e muitas vezes não sabemos ou não percebemos isso.
Não percebemos que temos que deixar a nossa vida se redigir sozinha, sem usar fórmulas, sem se basear no passado, sem estudar outros seres vivos para sabermos que somos um ser vivo totalmente diferente, que cada um tem seu papel no mundo. E no meu papel, a minha redação se escreve a cada dia, e não é apenas um romance, um mistério, uma história de terror ou aventura, mas sim a junção de tudo isso. E o mais divertido é que nunca sei o que vai acontecer com o “mocinho” da história, se ele vai se dar bem, vai conquistar sua amada, enfrentar seus vilões e vencer todos, onde vai ser o fim, se é que tem um fim essa história...
Enquanto isso, vou vivendo, e minha redação vai se estendendo, se aperfeiçoando, mudando, tomando novos rumos, novos amores, novas aventuras...e por enquanto, sem ponto final"