26 de junho de 2013

Relógio

Não estou mais só
No silêncio
As minhas imensas noites
Se foram
A noção que não tinha
Retomada
A preocupação que não havia
Acelerada
O silêncio que me acompanhava
Se cala
Os ponteiros que não se moviam
Não param
Em um ritmo frenético
O tic-tac
Do meu relógio velho
Antes calado
Hoje samba sem parar
Fundindo
Com o estalar do meu corpo
Cansado
O ponteiro do segundo
Ritmado
Acompanha o dos minutos
O Embalo
O das horas passa tão
Rápido
Que minha mente Incansável
Confunde-se
Com a sociedade regrada
Que dorme
O que antes me despertava
Silêncio
Hoje me assombra
Relógio


Giovanni Venturini – 17/06/13



22 de junho de 2013

Súplica do vento

um dia qualquer
um tempo triste
o vento me chama

“abre a janela e vem dançar
deixe o calor para depois
valsa comigo no frio

nosso telhado é o céu nublado
sol espiando por trás das nuvens
as árvores embalam de um lado pro outro

tire o pijama, calce um tênis
ou venha descalço
deixo você escolher o ritmo
mas por favor, dance comigo

enquanto não abrir a janela
eu não vou parar de lhe chamar
vou bater no vidro e gritar seu nome
venha comigo dançar?

deixe o conforto da sua casa
o mundo aqui fora é maior
temos espaço de sobra
do lado de cá me sinto só

já recusaram meu pedido muitas vezes
mas você é diferente
sei que vai me ouvir
por favor, venha comigo dançar?”


Giovanni Venturini – 29/05/13

20 de junho de 2013

Sabor do vinagre

Eu nunca gostei de temperar a minha salada com vinagre. Bastava um azeite e um sal...no máximo um limãozinho.
Achava o vinagre muito forte, e tirava o gosto dos demais temperos.
E eu tinha razão, o vinagre é forte!
Quem diria que uniria uma nação, pronta para a revolução? O vinagre foi capaz de tirar o gosto dos outros (des)temperos políticos.
O verde da salada (e da bandeira) hoje tem um gosto diferente.
E até quem falava que não gostava de salada, se rendeu ao vinagre. Hoje crianças imploram para que suas mães comprem alfaces, agriões, rúculas, couves, cenouras...e tomates!
Mas os tomates estão caros. Que comece a nova revolução. Tomate neles!
O vinagre, de tom rose, não é do vinho. Mas sim do sangue derramado nessa primeira vitória.

E agora o sabor me desce doce e suave. Hoje eu temperei minha salada com vinagre!


Giovanni Venturini - 20/06/2013

19 de junho de 2013

O Substituto (Detachment)

Nós paulistanos e nós brasileiros estamos vivendo um momento único. Um momento de intensa discussão política, um momento de abrir os olhos de toda a população para o que acontece ao nosso redor! Estamos exaustos com a corrupção, exaustos com o péssimo estado da saúde, exaustos com a situação do transporte, estamos simplesmente exaustos.
Por isso, escolhi um filme que mostra outro sistema falho, do qual estamos mais do que exaustos: a educação. O Substituto é um filme americano, de 2011, dirigido por Tony Kaye e conta com um elenco maravilhoso! Nele, Adrien Brody vive um professor de escola pública que tem um talento incrível para lidar com seus alunos, mas escolheu viver a carreira de professor substituto. Ele tem medo de se envolver, se apegar e se tornar parte dos problemas de seus alunos, então, passa a vida trocando de escolas.

14 de junho de 2013

Notícias que quero ler

Uma ponta de orgulho nasce de novo em mim
Aquela chama que estava perdida volta a brilhar
A turbulência passou e o 14 Bis volta a planar!
Aquela angustia se desfaz
com a lágrima que mancha as manchetes sobre o fim:

“Fim de uma guerra civil
que Brasileiro nenhum jamais viu”

“A 2ª fase da ditadura militar acabou!
A PM largou as armas e se abraçou.”

A polícia em um ato inusitado
Largou suas armas,
Tirou sua farda
Percebeu quem era o Estado.

Orgulho de dizer que não sou do país do futebol
Sou do país que calou a sua própria descrença.
Cresceu na união e decretou a sentença
Que não é o país da polpa e do sol

A população faminta não poupa
Quem mente e quem rouba
Vamos pro lado de lá, da tela
Chega de ver notícia, vamos fazer parte dela

Hoje Ministros são mitos
O Governador se calou
O Prefeito com medo sumiu
A Presidenta não é mais guerrilheira
A população quer sua cabeça
Deputados estão disputados.
Hoje mais dois vão pra sentença

O juiz? Somos nós!
Quero ver alguém calar a nossa voz.



Giovanni Venturini – 14/06/2013 (Um dia depois que o Brasil acordou)

12 de junho de 2013

Namorados Para Sempre – 2010 (Blue Valentine)


Eu tive a oportunidade de ver esse filme em uma cabine para críticos, antes de sua estreia que ocorreria próxima ao dia dos namorados. Eu esperava por mais uma comédia romântica para agradar os pombinhos e dei de cara com um filme surpreendente, que se tornou parte da minha lista de filmes favoritos para sentar e chorar. Dirigido por Derek Cianfrance e estrelado pelo impecável Ryan Gosling e pela excelente Michelle Willians (indicada ao Oscar pelo papel), o filme faz um paralelo entre o passado e o presente de um casal. Assistimos aos momentos encantadores do inicio do relacionamento e ao seu depressivo desmoronamento. O clima de melancolia reina e nos leva a pensar no que deu errado. Paixão e repulsa convivem nessa relação. Os laços que ainda unem os personagens são uma filha pequena e a saudade de uma paixão vivida. O filme vale a pena em todos os aspectos, roteiro, direção e especialmente, atuação. E nos leva à mesma reflexão que “Loucamente Apaixonados” de forma mais profunda: até onde vai perenidade dos relacionamentos?

Por Maria Andrade

Loucamente Apaixonados – 2011 (Like Crazy)


O filme de baixíssimo orçamento do diretor Drake Doremus começa com um roteiro previsível, um casal que se conhece na universidade e vive cenas românticas e naturalmente clichês dignas de irritar a quem não esteja preparado. Logo se deparam com a necessidade de viver um relacionamento a distância e entre idas e vindas sempre tentam ficar juntos. É então que o roteiro rompe clichês. A suposta história de amor acaba refletindo o egoísmo, a indiferença e a carência amorosa do casal. Eles passam por cima de tudo e de todos buscando uma felicidade que pensam viver. Admito que é um filme irritante já que o casal principal não é nada carismático. Mas acredito que essa irritação revele uma interessante crítica a sociedade dos amores perecíveis.

Por Maria Andrade

11 de junho de 2013

O Silêncio

ouço passos, carros, gritos
gemidos de transa
miais e latidos

o vento nas árvores
batidas de asas,
risos de corujas ou de morcegos
irônicos e contínuos

broncas, brigas e coisas caindo
portas fechando, janelas batendo
o som da madrugada é estranho e comovente
dúvida de suas origens e de seus finais

na madrugada
o silêncio salta-me aos ouvidos.



Giovanni Venturini – 06/06/13

7 de junho de 2013

Nova parceria - Maria Andrade escreverá sobre cinema

É com uma extrema alegria que venho anunciar uma “parceria” aqui para o blog. Eu estava pensando em movimentar, principalmente a parte de filmes, e lembrei-me da querida amiga/irmã/companheira de rolê e de confissões: Maria Andrade.

Convidei-a, e ela topou na hora. Mas o convite não foi feito só porque é minha amiga não, ela escreve super bem (não só críticas, mas de tudo) e coloca um tom só seu nas críticas. Além do que é apaixonada por cinema e já escreveu por um tempo para o site Cinema na Rede.  Então vamos lá apresentar um pouco de Maria Andrade para vocês:

Maria nasceu em São Paulo dia 08 de Julho de 1992, e como boa Canceriana, acredita no amor, é bastante emotiva, simpática, compreensiva, sonhadora, e claro, tem um incrível talento literário e artístico. Não sou eu que estou dizendo, são os Astros!
Esse talento artístico, além de representado em seus poemas, roteiros, contos e textos em geral, já foi demonstrado nos palcos também. Maria é atriz e atuou, principalmente, no teatro alternativo paulistano.
Sua crença no amor e seu talento literário, ambos já supracitados, se faz presente também no artigo acadêmico que Maria está fazendo para a conclusão do seu curso de Lazer e Turismo, na EACH –USP. O artigo usando a metodologia de história oral trata sobre histórias de amor de paulistanos com mais de 60 anos, analisando a questão de gênero e velhice.

Enfim, não há pessoa melhor para escrever sobre filmes, diretores, atores, cinema de um modo geral do que ela!

Vamos tentar manter atualizado sempre com novos textos sobre o assunto. E a primeira crítica já está pronta!  Aliás, são especialíssimas. Como dia 12 de Junho é dia dos namorados tem crítica de filmes de amor (suspiros e olhos brilhando *-*). E digo mais: em DOSE DUPLA!
Então não percam: quarta-feira que vem, dia 12 de Junho, as críticas de estreia de Maria Andrade – ESPECIAL DIA DOS NAMORADOS!


Bem vinda Maria, e mais uma vez muito obrigado!


4 de junho de 2013

Hai-kai

Ais. Hai-kai, Hai-caos
No porto: Hai-cais, hai-tchaus.

E enfim, Hai-paz.


Giovanni Venturini - 01/06/2013

1 de junho de 2013

Fome de sonho

Noite sem sono
Querendo dormir
Não durmo.

Noite de fome
Querendo comer
Não como.

Noite com sono
Querendo comer
Não deito.

Noite com fome
Querendo cama
Não sonho.



Giovanni Venturini – 25/05/2013