O Amor é esse bicho faminto e sem paladar.
Devora cada pedaço do meu ser, digere lentamente e regurgita
algumas partes, só para ter o prazer de devora-las novamente.
O Amor não tem olfato e fede a esses cigarros baratos.
É uma fumaça que impregna cada canto da pele e cada pelo. Cada
gota do meu suor e das minhas lágrimas. Esse fedor que anuncia chegada.
O Amor não tem tato, nem tenta me sentir.
Fica apenas se apalpando, como se quisesse penetrar sua
própria pele. Sou Eu quem sinto os arrepios. É Ele quem provoca. Mas se poupa
de me roçar.
O Amor não enxerga nem a si, quem dirá o que está a sua
volta.
Isso já é fato sabido. Sua cegueira é vista como medo da
perdição no próprio ego. Por isso permanece cego.
Mas o que ninguém sabe é que o Amor é esperto.
Expulsou tudo de mim para ter seu próprio espaço.
Eu, como bom hospedeiro, o trato bem. Por vezes sinto incomodo e coceiras internas. Meu corpo até tenta se livrar desse importuno parasita. Mas Ele, o maldito do Amor, é bicho ruim!
Uma praga, difícil de se livrar. Cada vez morde mais fundo e injeta seu veneno em mim.
Eu, como bom hospedeiro, o trato bem. Por vezes sinto incomodo e coceiras internas. Meu corpo até tenta se livrar desse importuno parasita. Mas Ele, o maldito do Amor, é bicho ruim!
Uma praga, difícil de se livrar. Cada vez morde mais fundo e injeta seu veneno em mim.
Pouco a pouco me deformo, definho e desfiguro.
Quando olho no espelho, já não me reconheço. Não sei sequer meu nome. Já me trato pelo outro e me refiro a tudo no plural. Nem falar eu sei mais. Balbucio sons e expressões que só Eu e Ele entendemos.
Quando olho no espelho, já não me reconheço. Não sei sequer meu nome. Já me trato pelo outro e me refiro a tudo no plural. Nem falar eu sei mais. Balbucio sons e expressões que só Eu e Ele entendemos.
Tem dias que me sinto melhor, como se Ele tivesse abandonado
a morada que fez em mim. Tem dias que sinto falta, acho que não há vida de
hospedeiro sem parasita.
Dizem que a cura é quando deixa de ser platônico.
Giovanni Venturini – 04/09/2015