Queria
viver no passado. Talvez em outra realidade.
Entro em um bar com meu chapéu e sento-me no
balcão. Ouço o blues que toca de fundo enquanto bebo meu copo
de Whisky e fumo meu cigarro.
Uma
noite fria de insônia. Talvez lá fora esteja chovendo. O bar está vazio. Poucas
pessoas e o garçom já limpando o balcão, não vendo a hora de fechar essa
espelunca e ir descansar.
Uma mulher linda se aproxima de mim. Talvez
ela seja loira, de cabelo encaracolado, não muito longo. No máximo até os
ombros. Talvez ela seja uma prostituta querendo puxar assunto para ver se
conquista seu último cliente da noite. Ou talvez ela esteja tão de “saco cheio”
da vida quanto eu, e quer apenas beber, arrumar alguém para conversar, lamentar
o rumo que sua vida tomou. Eu, com pouco interesse em ouvi-la, faço pouco caso
enquanto “brinco” com o gelo no meu copo, já quase vazio.
Sim,
eu sou egocêntrico e arrogante e só consigo pensar na minha vida infeliz. Meu
Deus, como ela é linda! Talvez mais linda que todas as mulheres que tive na
vida. Como posso não dar atenção a essa pobre desgraçada? Só consigo pensar em
mim e o que poderia ter sido e vivido.
Dou
o último gole no meu whisky, já aguado com o gelo derretido. Trago a última
ponta do meu cigarro, enquanto apanho meu chapéu e saio sem me despedir. Não
quero deixá-la mais infeliz contando a vida que não tive, ou ouvir sobre a vida
que ela tem. Talvez essa vida solitária e nostálgica, que de certa forma me
faria mais feliz.
Uma pena que eu não beba, fume, ou se quer transe com prostitutas.
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