16 de janeiro de 2014

Circo A(r)mado

**Essa semana conheci o texto "O Grande Circo Místico" de Jorge de Lima. Isso me motivou a escrever sobre o tema circo, que já tinha vontade faz tempo.

Mas na verdade parte da minha inspiração veio do clássico poema "Quadrilha" de Carlos Drummond de Andrade, só que na versão Circo.

E coincidentemente (ou não) assisti um filme insano e incrível hoje, que tem muito haver com o poema que fiz dias atrás. O filme chama-se "Balada Triste de Trompeta" do cineasta espanhol Álex de la Iglesia (procurem, assistam que é incrível).




Circo A(r)mado

O amor ergue a lona
anda na corda bamba
devagar se equilibra
para não estragar a cena.

A contorcionista faz de tudo com seu corpo
só não domina as contorções e contrações
do seu coração teimoso.

O homem mais forte do mundo
em seu trailer parece frágil
sonha em encontrar uma moça
que enxergue a sua beleza
e não tenha medo da sua força

Já a senhorita do tecido
é perita em se enrolar
nos lençóis de quem lhe desejar.

A trapezista apaixonou-se pelo mágico
mas este só a deixou iludida
disse que a amava para toda a vida,
logo depois que mais nada sentia
e com um truque ilusionista
passou a se atracar com a moça da bilheteria.

A mulher barbada
quer se depilar
e ficar mais sensual
para ver se conquista
o cara da perna de pau.

Este por sua vez,
se apaixonou pelo atirador de facas.
Que tremenda enrascada,
pois o cabra é macho,
não tira a peixeira debaixo do braço
e com a moça da cama-elástica ele tá de caso.

A engolidora de espadas
tá cuspindo fogo de raiva
e não engole essa história
de que o domador quer ficar só.
Mas o que ele tem é medo de amar
porque esse é o único bicho que
não consegue domar.

Certa vez o apresentador
presenciou uma cena sem igual:
todos os 4 malabaristas
praticando sexo grupal.
Era um tal de bolinha no chão, clave na mão,
e aro para tudo quanto era lado.
O apresentador correndo assustado,
entrou no trailer errado
e acabou consolando
o homem bala e seu canhão calibrando.

Agora esperto mesmo é o anão
que com ninguém dali se envolve
mas no fim de cada sessão
com alguém da plateia se resolve.
Todas curiosas com o tamanho
e seu desempenho
ele disposto em saciar a curiosidade,
leva todas as mocinhas da cidade
para o número mais aguardado
ao término de cada espetáculo.

Ah, o palhaço sempre tão hilário
porém tão solitário.
Já amou a todos daquela lona,
mas não levou nenhum romance à tona.
Prefere sonhar acordado
Com cada um e cada qual,
todos juntos ou individual
do que se envolver de verdade
quebrar a cara e se dar mal.
É o único que é livre do amor
e tem o amor livre de si
mas como qualquer outro dali
por amor chora e também sorri.

Seja por
enroscos ou choros,
carícias ou gozos
sabemos que chegou ao fim
pelo som dos aplausos
e as lágrimas no rosto.


Giovanni Venturini – 12/01/2014


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